- Dezembro 29, 2018 /
- Dicas para 2 Rodas /
- por ecpa /
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Desta forma, o que é que nos aguenta a essa baixa velocidade? A telemetria dá-nos a resposta: pequenos toques de direcção, de apenas um ou dois graus a direita ou a esquerda que se sucedem de forma rítmica a cada segundo, aproximadamente. Quando a velocidade aumenta a frequência também aumenta (os toques são mais intervalados) e a amplitude reduz-se (são menos marcados). E, ao contrário, a imagem de um piloto de Trial aguentando o equilíbrio sobre a sua moto enquanto se desloca muito devagar é precisamente esta: equilibra-se com amplos e rápidos movimentos do guiador de lado a lado. Andar de moto à velocidade dos passos normais de uma pessoa é uma sequência de pequenos movimentos. Da próxima vez repare nisto e verá que assim é, ainda que de forma inconsciente. Quando a velocidade aumenta, isto já não é necessário e é a força giroscópica das rodas que nos suporta .
Já estamos sobre a moto, a boa velocidade: é chegado o momento de traçar uma curva com precisão, e isto vai requerer mais esforço por parte do piloto. Em recta, damos pequenos toque de direcção para nos mantermos estáveis, e veremos que em curva ocorre o mesmo, ainda que também induzamos pequenas instabilidades voluntariamente (e inconscientemente) para curvar.
Ao chegar a uma curva podemos distinguir quatro fases: primeiro reduzimos a velocidade ate chegar ao ponto de viragem. 0 piloto vem de uma recta, onde acelerava, e fá-lo a alta velocidade, pelo que deve reduzila travando (e reduzindo as mudanças); deverá decidir quanto deve travar para chegar ao apex da curva com a inclinação desejada. E algo de muito complexo, mas fazemo-lo em fracções de segundo.
Suponhamos que é uma curva a esquerda. 0 piloto exerce primeiro força no sentido contrário (para a direita) sobre o guiador: este impulso tira a moto da sua trajectória estável e, ao mover o centro de gravidade, provoca que a moto caia para o lado contrário (inclina-se para a esquerda). Enquanto isto ocorre, os travões são accionados para reduzir a velocidade, o motor retêm-se e baixam-se mudanças. Tudo isto e calculado por nós para que coincida com a trajectória que decidimos.
Voltemos ao primeiro movimento: forçamos o guiador para a direita de modo a curvarmos para a esquerda. Fizemo-lo para que a moto se incline para a esquerda, mas se mantivéssemos o guiador para a direita, a moto iria desequilibrar-se cada vez mais e acabaria por cair para o lado esquerdo. Por isso este é um movimento que apenas se faz por um breve momento e ao principio, para nos conseguirmos inclinar, e depois o piloto puxa suavemente o guiador para o lado da curva (esquerda, no nosso exemplo) para voltar a estabilizar o conjunto, e para que a inclinação se mantenha. Se a velocidade não é constante, ou a trajectória nos exige alterar a inclinação (a curva fecha-se), teremos de aplicar novamente força no guiador (para a direita se queremos inclina-la mais). Uma vez no apex, ou ponto mais interior da curva, o piloto decide a trajectória a seguir abrindo gás e acelerando. Ao acelerar, a velocidade aumenta e a moto levanta-se. Se não é preciso acelerar muito porque vamos encadear esta com outra curva, ajudaremos
a que a moto se levante fazendo força com o guiador para o interior da curva: para o lado contrário daquela a que nos dirigimos, tal como antes. E, novamente, teremos podido levantar e inclinar a moto com um esforço mínimo e como que por artes mágicas.
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ecpa