Não são poucos os condutores, principalmente os amantes do mototurismo, que preferem viajar na sua mota acompanhados, em vez de sozinhos.

E são imensas as pessoas, principalmente quando não têm carta de condução de motociclos ou quando não têm experiência na sua condução, que sentem um fascínio pela ideia de viajar numa mota no lugar do passageiro.

Viajar acompanhado pode ser bastante divertido. Mas, esta experiência só é gratificante para os dois, quando o condutor é um bom condutor, e quando o pendura é um bom pendura. É apenas questão de se perder um tempinho até construir o passageiro ideal.

Então como fazer do pendura um bom pendura?

1º Passo – Sinta-se confiante

Uma das primeiras coisas que não podemos esquecer é a de que o nosso pendura só vai ser bom pendura se se sentir confortável com a nossa condução. E para lhe passarmos essa ideia, convém que de facto estejamos à vontade aos comandos do veículo.

Portanto, “faça quilómetros!”. Conduza em estrada aberta e experimente um pouco o potencial da sua moto! Enfrente o trânsito! Manobre a mota entre obstáculos! Trave a fundo! Conduza à chuva! Ganhe “à vontade” suficiente em variadas circunstâncias. Pois se não tem à vontade na sua moto quando vai sozinho, adicionar um pendura a esta equação não traz benefício para nenhuma das partes. Teste a sua resistência, e avalie bem os seus níveis de atenção. Resumindo, ganhe confiança em si próprio.

 

2º Passo- Conhecimento de causa

Seja também pendura. Experimente andar no lugar do passageiro na sua mota. Conheça o que se sente quando se vai sentado no seu banco de trás.

Peça a um amigo que conduza, e verifique por si mesmo se tem boa protecção aerodinâmica ou não, se vai sentado confortavelmente, se tem as pernas muito flectidas ou se os impactos da suspensão, nos buracos ou em terrenos mais irregulares, são muito fortes, e onde e o que é que tem para se agarrar para além do condutor.

Conhecer tudo isto vai fazer com que possa adaptar a sua condução ao pendura, e que consiga rolar mais quilómetros com conforto para ambos.

 

3º Passo – Não poupe no conforto

Depois assegure-se de que a sua mota está bem equipada no que concerne à comodidade do pendura. Um bom assento (macio e que não escorregue) vai fazer toda a diferença logo após a primeira centena de quilómetros.

Umas boas pegas também. Escolha uma “top-case” na qual o pendura se possa encostar. Acomode a bagagem de modo a que nem condutor nem passageiro tenham de levar algo ás costas, pois mesmo o que parece ser leve acaba por causar desconforto após algumas horas de caminho.

 

4º Passo – Equipamento

Muitos dos potenciais companheiros/as de viagens que nunca se relacionaram com o meio motociclistico, não fazem ideia da importância de um bom equipamento de segurança. É da sua responsabilidade como motociclista, passar-lhes essa noção e eventualmente ajudá-los a escolher um bom equipamento.

Um capacete com qualidade e que lhes assente “que nem uma luva” (um capacete não é um chapéu de praia), que fique justo o suficiente para não passar a ser desconfortável quando se circula acima dos 50km/h, fora da cidade, é fundamental. Um casaco de moto, com os requisitos mínimos de protecção: nos cotovelos, ombros e nas costas, e que garanta impermeabilização em caso de chuva e ventilação em caso de calor é também uma peça muito importante.

Calças com protecções nos joelhos ou no mínimo umas joelheiras que se consigam colocar debaixo ou por cima das calças também contribuem para aumentar a sensação de segurança. Luvas de mota de preferência em pele. E umas botas que cubram pelo menos os tornozelos, são obrigatórios.

Calções e t-shirt ou bikinis são uma indumentária muito confortável… mas não para andar de moto! Mesmo numa queda com a moto parada, o equipamento pode fazer toda a diferença entre um pequeno incidente, e umas férias ou fim-de-semana arruinados.

 

5º Passo – Treino progressivo

Não tenha pressa de se mostrar grande condutor. Nem se esqueça que se a si lhe sobra experiência na condução da sua mota, já ao pendura que está ainda nos seus primeiros passos, manobras arrojadas, altas velocidades ou grandes tiradas podem ser assustadoras. 

Antes de pensar inscrever-se no Portugal de Lés-a-Lés, vá desfrutar de umas voltinhas mais curtas. Vá beber um café à cidade do lado. Jantar naquele restaurante catita do concelho vizinho. Visitar os avós lá na “santa terrinha”! 

Se houver algum desconforto de maior, relacionado com o estar demasiado tempo em cima da mota, é melhor que ambos se apercebam disso numa viagem de uma ou duas horas, do que no fim do primeiro dia, quando o objectivo era uma semana de férias a “papar quilómetros”.

 

6º Passo – A voz do pendura

O passageiro tem de ter voz. Isto é muito importante. Antes de dar início à primeira viagem tenha uma pequena conversa com o pendura para que ele perceba que a viagem é para agradar aos dois.

É da nossa responsabilidade como condutores, ir “checkando” se está tudo “ok” de vez em quando (com o clássico “thumbs up”, a que o(a) pendura pode responder da mesma forma. Ficamos mais descansados, e o passageiro há-de querer retribuir a atenção e gentileza que lhe dispensámos..

Se durante a condução o passageiro sentir que o ritmo está demasiado rápido, ou muito agressivo, ou que nas curvas o grau de inclinação está a ser demasiado para o seu coração, ele que transmita isso. É uma boa ideia, antes de arrancarem, combinarem um sinal (normalmente uma palmada no ombro), que signifique que o passageiro precisa parar.

Ninguém quer um pendura que ganhe receio em viajar consigo. Além de tornar a condução muito mais difícil senão perigosa, as probabilidades de que ele(a) se volte a sentar na traseira da nossa moto vão ser muito escassas.

 

7º Passo – Paragens de descanso

Também muito importante, não só para o passageiro mas para ambos, são as paragens para descanso/abastecimento.

Não nos podemos esquecer que, em cima de uma moto, embora a paisagem vá mudando, está-se sentado durante todo o tempo. Por isso há que esticar o corpo, esticar as perninhas, dar umas passadas… De preferência deve-se combater a tendência de sentar na mesa do café. Caminhar um bocadinho é uma boa solução. Mexa-se e leve o pendura consigo.

Controlar os níveis também é importante. Vão ambos à casinha e ambos devem também beber água. Mesmo sem sentir sede. Em cima de uma moto, vai-se todo o caminho exposto ao sol e ao vento. Por vezes com equipamentos que, nos dias mais quentes nos fazem sofrer com o calor. Beber água é, por isso, crucial para nos mantermos bem hidratados e evitar quebras de tensão ou quaisquer outros sintomas típicos de desidratação.

Pela mesma razão devem ambos evitar o álcool e o café. E para manter os sentidos bem despertos, devem-se evitar refeições pesadas antes e durante os períodos de condução. Refeições curtas e mais frequentes são o ideal.

Aproveite essas ocasiões também para abastecer de combustível. Evita mais paragens e aumenta o período de descanso.

 

8º Passo – Entretenimento

Por ultimo… considere adquirir um sistema de intercomunicadores.

Para além de que, para quem gosta de viajar acompanhado, ser muito mais divertido ir a conversar em todos aqueles troços mais “descontraídos”, também pode ser uma mais valia a nível da segurança. Com os intercomunicadores o pendura pode demonstrar os seus dotes de co-piloto (se não os tiver podemos sempre desligar o som), e também nós podemos advertir imediatamente o nosso passageiro das nossas intenções, para dessa forma ele se preparar e não ser apanhado desprevenido.

Para além disto, o pendura pode sempre escolher ir a ouvir música, ou a falar ao telefone com as amigas(os) de forma a ir entretido lá atrás e não se aborrecer por não ir a “fazer nada”.

 

Fonte: http://www.koniditi.pt/post/8-dicas-para-viajar-com-pendura-inexperiente

  • ecpa

Leave A Comment