- Julho 26, 2024 /
- Dicas para 2 Rodas /
- por ecpa /
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10 regras de sobrevivência que não são milagrosas, mas ajudam muito a sobreviver no meio do trânsito
Este artigo foi escrito exclusivamente para si, que agora pertence àquele restrito grupo de utilizadores da estrada que sofrem na pele os seus erros e os erros dos outros, mas que, em contrapartida, desfruta de uma enorme alegria e mobilidade no trânsito.
A nossa intenção é poupar-lhe dissabores, pois a nossa experiência como motociclistas pode ajudá-lo. Memorize as 10 regras de sobrevivência que a seguir transcrevemos. Não são milagrosas, mas ajudam muito!
1- A experiência conta
Antes de se aventurar em grandes odisseias, tente primeiro “dominar a máquina”. Ganhe experiência a curvar e a manobrar.
Procure locais pouco movimentados e treine os arranques e as travagens, aumentando progressivamente a intensidade. Treine os “8” e as inversões de marcha. Vá buzinando e fazendo “piscas” e olhando para os espelhos retrovisores, para que, em caso de necessidade, o possa fazer por reflexo em vez de “estar a pensar” como tem de o fazer.
Ande em Zig-Zag, aumentando a cadência aos poucos até perceber como a sua moto faz a transferência do peso. Pela mesma razão, treine também a travagem, com ambos os travões e faça-o a diversas velocidades, começando devagar. Simule também travagens de emergência.
Se não tem muita experiência a andar no meio do trânsito da cidade, então talvez o melhor seja iniciar-se com uma scooter. Mesmo que esteja habituado a andar de carro na cidade, andar de moto é completamente diferente! E quando se atirar ao trânsito faça-o com calma. Não se esqueça que “mau papel”, mesmo, é ir ao chão!
Enquanto não se sentir completamente seguro no que está a fazer, não deve “dar boleias” a ninguém. E a primeira vez que o fizer, deverá ser a título de “ensaio geral”, numa zona sossegada, para que possa aperceber-se das diferenças do equilíbrio, ou da dinâmica da moto que, seja ela qual for, vai ter mais peso para travar, para amortecer e para acelerar, tornando a sua condução substancialmente diferente.
2 – Não esqueça o equipamento
Use sempre capacete (de preferência integral), e óculos de protecção se optar por um capacete aberto ou de estilo “cross”. Obrigatório também é o uso de um blusão que seja resistente à abrasão. Cabedal é uma excelente solução e se tiver protecções nas costas, nos ombros e nos cotovelos, tanto melhor. No verão, equipamento textil é mais fresco, mas na generalidade menos resistente.
Complete o conjunto com luvas, de preferência específicas para a prática do motociclismo, com palmas de mão reforçadas. As botas são essenciais. Dão um bom suporte ao pé para manobrar bem a moto. Mas devem também proteger os tornozelos e ter uma sola antiderrapante!
No verão, dentro da cidade, em pequenos trajetos, não caia na tentação de levar calçado mais leve! O mercado já tem inúmeras ofertas de botas de verão para motociclismo, com protecções e para vários estilos.
Com chuva e frio, é muito importante manter-se confortável. Luvas à prova de água são quase um mito, mas um bom isolamento térmico é essencial.
Uma gola de tubo, ou uma balaclava, garantem conforto que por sua vez proporciona uma melhor capacidade de concentração. Evite cachecóis camisas ou lenços com pontas pendentes. Roupas largas e desabotoadas tampouco são aconselháveis, pois em casos extremos podem mesmo prender-se na roda traseira ou interferir com a estabilidade.
3 – Ver e ser visto 1
Faça-se ver! Usar equipamento de cores claras é muito importante. Sobretudo de noite, ou em dias cinzentos. Circular com os “médios” ligados é obrigatório e permite-lhe ser visto mais facilmente nos retrovisores dos carros. Sobretudo em dias de chuva. Debaixo de chuva forte ou nevoeiro, mesmo durante o dia, não hesite em fazer sinais de luzes com os máximos e manter os pisca-piscas a funcionar.
De noite, se os faróis da sua moto são fracos, o melhor é ir mais devagar. E não se esqueça que, no meio das curvas, a maioria dos faróis das motos deixam de apontar para a berma! Afaste-se dela! Confirme frequentemente que o farolim e os piscas traseiros estão a funcionar corretamente.
4 – Ver e ser visto 2
Não circule no ângulo morto dos espelhos da viatura que segue à sua frente. Sobretudo se está a pensar ultrapassá-la. O ideal é manter-se sempre na direção deles, dos espelhos, num ângulo que lhe permita ver refletida a cara (ou as mãos) do condutor. Assim tem mais hipóteses de ser visto, e ainda consegue ver o que se passa mais à frente, para estar em controlo da situação.
Circule sempre na metade esquerda da sua faixa de rodagem. Além de garantir maior visibilidade nas curvas para a direita, também fica visível mais cedo para os que, em sentido contrário, gostam de “cortar” as curvas. Evita também ser empurrado para a berma pelos “enlatados” que o ultrapassam.
5 – Observe
Na estrada, observe os condutores dos carros que o precedem. Se vir alguém a falar ao telefone, ou algum “cheio de pressa” a mudar de faixas aos zig-zagues, prepare-se para o pior e mantenha distância. Um carro parado, ou a circular devagar, pode estar a preparar-se para fazer uma inversão de marcha! Mantenha-o controlado! O mesmo se aplica aos ciclistas. Os automobilistas desviam-se deles, e normalmente sem fazer piscas, metem-se na nossa frente!
Os autocarros e os camiões (os SUV e os “jipes” também) tapam a visibilidade. Quando a baixa velocidade, em meios urbanos, tenha cuidado ao ultrapassá-los. Podem esconder alguém que esteja a atravessar a estrada e surja subitamente no seu caminho!
Dê regularmente uma olhadela para cada um dos seus espelhos retrovisores, mesmo que não vá mudar de direção, e sobretudo antes de começar a travar, quando pretender parar. Certifique-se que não tem ninguém “colado” à sua traseira, pois isso pode evitar-lhe grandes sustos. Se necessário, reduza a velocidade e deixe-o passar!
Tenha cuidado com as bermas. Muitas estradas acumulam imensa gravilha no meio das curvas. Sobretudo as de montanha.
6 – Cumpra, mas não confie no Código da Estrada
Quando arrancar num semáforo verde, olhe sempre para ambos os lados do cruzamento, como se o sinal não existisse. Pode vir uma ambulância ou um condutor distraído. Também nas passadeiras, os peões frequentemente as atravessam quando não devem.
Deverá ter muita atenção em todos os cruzamentos, ainda que tenha prioridade. Há muito condutor de automóvel que não conhece nem o sinal de Stop, nem muitos outros.
Tenha também atenção aos riscos contínuos. Muitos automobilistas não sabem que não os podem pisar! Não circule muito colado a eles (aos riscos contínuos).
As saídas dos estacionamentos e garagens também são causa de preocupação, pois muitas vezes os condutores “não vêm” a moto e arrancam mesmo na sua frente.
7 – Atenção à Velocidade Excessiva
Quando circular a uma velocidade que não lhe permita parar em segurança no espaço livre e visível à sua frente, está em velocidade excessiva. O que não tem nada que ver com o excesso de velocidade.
Em estrada, na saída de uma curva pode muito bem encontrar, sem estar à espera, um veículo lento, gravilha, ou qualquer outra coisa a obstruir a via e, se for demasiado rápido, em velocidade excessiva, pode não ter tempo para parar.
8 – Na Cidade
Não circule rente a viaturas estacionadas. Está sujeito a chocar com alguma porta que se abra de repente, ou com algum peão que tente atravessar entre os carros, ou em alguém que, de repente e sem aviso, vai arrancar.
Tenha atenção aos autocarros parados! Normalmente aparecem peões “escondidos” por detrás deles! E nunca, mas nunca mesmo, confie nos piscas dos outros. A maior parte dos condutores não os usa, ou então vai com eles ligados sem saber, e faz precisamente o oposto ao que nos informa!
Quando tiver que estacionar, se tiver que deixar a moto num local onde passem peões, tente resguardá-la o mais possível. As partes quentes do motor e dos escapes podem queimar crianças pequenas. Evite estorvar a passagem dos peões e das pessoas com mobilidade reduzida.
Nunca estacione a sua moto entre automóveis. Com a falta de habilidade de muitos condutores a estacionar, o mais certo é que a sua moto vai ser atirada ao chão a meio de alguma manobra. Aparte que quem entrar distraidamente para um carro, vindo da parte da frente, pode nem ver a moto que está estacionada na sua traseira. E já se saber que basta um pequeno toque…
Tenha em conta que as pinturas do piso são altamente escorregadias quando molhadas. Evite-as. Mesmo com o piso seco! O mesmo para os carris de eléctrico, uniões metálicas dos viadutos e ruas calcetadas, riscos que infelizmente não podem ser evitados!
9 – Com chuva
Evite as poças de água (normalmente escondem buracos) ou passe-as com muito cuidado. Conduza ainda com maior suavidade. Engrene uma mudança acima daquela que usaria em condições normais (isto claro, se a sua moto não tiver controlo de tracção).
Nos arranques e nas paragens, a tendência para patinar ou derrapar é muito elevada, e os pés também não agarram tão facilmente ao chão. Use sempre ambos os travões e rode o acelerador com mais calma.
Não se esqueça que os outros utentes da estrada ainda o vão ver com maior dificuldade, e os peões tentam fugir para seco em corridas suicidas no meio do trânsito. Quando travar para parar, faça-o com maior antecedência, para que, quem vier atrás, se possa aperceber da sua intenção!
Em ambiente rural tenha cuidado com os cursos de água que atravessam a estrada, pois além de mais frequentes, normalmente arrastam areias e lamas altamente escorregadias.
Os tratores também deixam normalmente muita lama dos rodados, quando saem de um terreno para a estrada.
10 – Conduza com o olhar
Não esqueça nunca que a moto vai ter tendência para seguir o caminho do seu olhar. Se ficar a olhar para um buraco, quase de certeza absoluta que vai passar por cima dele! Os metros logo à frente da roda dianteira pertencem ao passado, pois dificilmente vai ter tempo de reação para evitar o que quer que seja, e pode colocar-se em risco a tentar.
Por isso, mais vale ir a olhar mais para a frente, definir a sua trajectória, e usar a visão periférica para se aperceber de algum imprevisto ou de alguma manobra de outro veículo.
A melhor estratégia é antecipar a sua trajetória. E nas curvas, em vez de olhar para a berma, olhe para a saída! Nas curvas mais apertadas, aponte mesmo o peito para a saída da curva. E mantenha-se quieto em cima da moto.
Na estrada, tentar sair da moto à moda do MotoGP, apenas serve para o pôr em elevado risco se, por alguma razão, tiver que travar repentinamente. Mantenha-se bem sentado e atento!
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ecpa